Na segunda-feira, dia 29, o presidente da ECT, Wagner Pinheiro, declarou à imprensa que a empresa não pode pagar “as propostas dos trabalhadores”.
Wagner Pinheiro se antecipou à entrega da Pauta de Reivindicações pela Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios), prevista para o dia 30, em Brasília, para tentar jogar um balde de água fria nos trabalhadores. A data-base começa em 1º de agosto e as reuniões de negociação devem começar na próxima semana.
A categoria dos Correios viu nos últimos anos seus salários serem achatados de forma assustadora. Hoje em dia o salário pago a um carteiro é pelo menos cinco vezes menor do que era pago pela empresa na década de 80. Isso significa dizer que hoje o salário compra pelo cinco vezes menos, ou seja, as condições de vida do trabalhador e sua família foram brutalmente atacadas pelos sucessivos governos e direções da empresa.
Apesar disso os lucros da ECT só crescem. A inflação também. A ECT reajusta suas tarifas todos anos. Mas se recusa em aumentar os salários.
Discurso de chefe
O discurso do presidente da ECT que não quer pagar o que deve aos trabalhadores, é repetido pela burocracia sindical dentro e fora da Fentect.
As perdas acumuladas pelos trabalhadores aprovadas no Conrep somam 47,8%. O pagamento equivale a 15% de reajuste e 7,13% da inflação, mais 20% de perdas na vigência do Plano Real, desde 1994.
Os traidores da vez na Fentect, da Articulação sindical e do MRL, no entanto, apresentam a reivindicação como sendo de 15%. Fatiaram os números repetindo a ladainha da empresa: “É preciso se adaptar à realidade economica”. Apresetnar uma “pauta enxuta e pé no chão”. Ao invés de reivindicarem os 47,8% que é o índice cheio com as perdas econômicas divulgam apenas os 15%.
A declaração do presidente da empresa mostra que esta é uma jogada casada da empresa com parte dos setores pelegos do movimento sindical para rebaixar a pauta e a expectativa de luta dos trabalhadores.
A empresa não quer negociar, por isso fala que sequer pode pagar o índice de 15%. Quer começar a negociação por baixo. Sendo que para os trabalhadores o ideal é justamente começar por cima, colocando na mesa tudo que é necessario e ter margem de negociação. O decorrer da negociação se dá com a mobilização dos trabalhadores que podem através da sua força na luta forçar a empresa a ceder.
A jogada da empresa é aproximar a pauta da Fentect à pauta dos pelegos da federação paraguaia, a Findect. A máfia dos sindicalistas do Rio de Janeiro, São Paulo e Bauru pedem a mixaria de pouco mais de 10%. O que não paga nem o reajuste do aluguel da maioria dos trabalhadores.
A empresa tenta igualar as duas pautas para forçar a Fentect, verdadeira federação e a única que pode assinar o acordo coletivo, a fazer um acordo rebaixado onde só a direção da empresa ganhe. E os trabalhadores amargam o prejuízo.
É preciso dizer ainda que a declaração do presidente é falaciosa, uma metira deslavada. A ECT lucrou mais de 1 bilhão de reais no ano passado. Reserva valores altíssimos para patrocínio e de repasses ao governo. Gastou milhões com festas e comemoração dos seus 350 anos. E quando se trata de pagar os trabalhadores que carregam a empresa nas cotas diz que não tem dinheiro.
A ECT tão lucrativa que está falando em comprar os Correios de Portugal, a empresa CTT. Como tem a coragem de dizer que não tem dinheiro?
Os setores combativos nas bases e na Fentect não podem aceitar esse golpe de rebaixar a pauta, antes mesmo de começarem as negociações. Reivindicar da empresa o que ela deve aos trabalhadores.
FONTE-SINTECT-MG
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